segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Mudanças: até na escrita!

Olá pessoas! Sei que tô devendo algo novo pra vocês. Confesso que não escrevo por uma mistura de falta de tempo com preguiça (ou "Falcatrua com um pouquinho assim de Vadiagem")! Perdoem-me por isso!
A verdade é que tenho pensado em algumas coisas recentemente e isso parece influenciar até mesmo o meu modo de escrever.
Semana passada, uma amiga (minha Contraparte!) resolveu ler um pouco de Clarice Lispector pra mim (livro A Paixão segundo GH). Aquilo me deixou num estado estanho, como se eu quisesse ser um pouco mais "Clarice" naquele momento. Mas, o que é ser Clarice? Ah, estude um pouco mais de Literatura Brasileira e você entenderá. A dica é: Modernismo - Terceria geração. Resumidamente (como eu sou altruísta!), Clarice Lispector é uma das escritoras mais intimistas e introspectivas de toda a nossa literatura.
Daí, aproveitando-me do momento propício, decidi deixar a poesia de lado e escrever um poema um pouco mais "Clarice". O resultado? Vocês podem conferir logo abaixo!
PS: Calma, gente! Eu não quero me jogar no poço e nem tô infeliz! Foi só o jeito que encontrei de expressar determinados sentimentos!

Trem

Vagamente vago por vagões infestados de um vasto vazio.
Neles encontro um lugar para repousar minha mente cansada de tanto lutar.
Enfeito-os com meus vasos rachados, porém cheios de perfumadas rosas de plástico.
Plásticas como meu sorriso, como minha alegria e como a melancolia que emplastra meu viver.
Ando em vão pelos sórdidos vãos dos vagões, numa viagem estranha e solitária em busca de meu ser.
Subitamente, um rastro de luz ilumina meu caminho, mas não me animo. Sigo em frente de olhos cerrados, embriagado em minha sobriedade.
Paro, sento e olho ao redor: nada, ninguém; apenas eu, meus vasos e o inebriante silêncio que anima o lugar.
Um silêncio cativante que leva ao longe, mesmo estando tão perto.
Vejo então a vida por um caleidoscópio de fractais repleto de anseios e medos.
Imagens refletidas, concebidas repetidas de minh’alma despedaçada, remetem-me ao que sou.
Mas o que sou?
Sou paisagem, miragem ou um paradoxo abstrato.
Sou o que sinto, consinto e invento.
Sou isso mesmo, o que vejo, prevejo e realizo.
Os pensamentos voam insanos pelos panos de fundo do meu sonhar.
A perplexidade do momento lança-me ao íntimo do vazio deste meu olhar.
Olhar que perdi quando decidi não seguir a luz dos olhos que teimavam em me guiar para fora dos vagões deste trem.

4 comentários:

  1. Só tenho uma coisa a dizer, querida contraparte: vc devia ler mais Clarice! ^^

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  2. Ahahahahahah!!! Eu teria colocado isso no post, mas deixo pra essa resposta: se eu ganhasse 1 real a cada vez que você me falasse isso... Abilio Diniz iria pro chinelo!
    Mas, lerei... podexá que lerei! ^^

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  3. Enquanto não superarmos
    a ânsia do amor sem limites,
    não podemos crescer
    emocionalmente.

    Enquanto não atravessarmos
    a dor de nossa própria solidão,
    continuaremos
    a nos buscar em outras metades.
    Para viver a dois, antes, é
    necessário ser um.

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  4. ************************************************
    "Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."
    Clarice Lispector
    *************************************************
    ... somos o que podemos ser... sonhos que podemos ter...
    lança- te ao fogo e queima tua alma com vivacidade!
    lindo lindo lindo!
    um borrão de tinta que vira obra...
    realmete pedras brutas brilham!

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